quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Especialistas apontam que o melhor de Bellucci ainda está por vir

iG ouve técnicos e outras figuras do mundo do tênis para tentar entender as oscilações do tenista número um do Brasil.

Fonte: IG Esporte

Thomaz Bellucci aparece no grupo dos 40 melhores do mundo há mais de dois anos. Tem três títulos no circuito ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). Em termos de ranking, ele também atingiu a segunda melhor marca do país, quando foi o número 21 da lista no dia 26 de julho de 2010. Já embolsou mais de US$ 2 milhões em premiação. Não está nada mal. Mas é o bastante?

“No tênis, não são só os brasileiros que acham que ele tem condição de entrar num top 20. O mundo inteiro acha isso. É muito mais surpreendente para as pessoas envolvidas no tênis o fato de ele ainda não ter entrado do que o fato de ele querer entrar”, afirma João Zwetsch, capitão da equipe brasileira da Copa Davis e ex-treinador do atleta.

Sem vencer dois jogos consecutivos desde junho de 2011 e com apenas duas vitórias em cinco partidas neste início de temporada, o paulista de Tietê enfrenta críticas e a desconfiança do público. Com a comunidade do tênis reunida em São Paulo, sede do Brasil Open, o iG procurou entender qual é o atual status de Bellucci entre os especialistas e quais as expectativas factíveis em torno do jogador de 24 anos.

Profissionalismo

Jogar em lugares como Monte Carlo, Tóquio, Indian Wells, Londres... Uma renda formidável. Quando se pensa no circuito profissional, para os atletas de elite, fica difícil desassociar a imagem de luxo, badalação e toda sorte de mimos para seus integrantes. Por trás dessa roupagem refinada, porém, está a série desgastante na estrada, com viagens constantes, e uma exigência física tamanha que desperta uma insatisfação crescente entre os tenistas. O tema de uma greve geral é cada vez mais discutido quando eles se reúnem nos grandes eventos.



Do seu lado, Bellucci é daqueles que trabalha sério para tentar enfrentar a maratona, sem reclamar muito, compreendendo as demandas de sua profissão. Sua ética de trabalho é consenso entre os que o conhecem. “Não o tenho como um cara relaxado, como alguém que não gosta de fazer as coisas, de que gosta de festas. Essa dedicação ajuda a ter uma carreira longa, equilibrada”, diz Ricardo Acioly, técnico de João Souza, o Feijão.

“Se algum dia vocês tiverem a oportunidade de acompanhar um dia dele, vão ver que ele rala demais. Acorda às 6h30 da manhã, treina, faz tudo e acaba o dia às 19h30. Ando agora muito envolvido com os jogadores mais jovens e fico muito feliz de ter trabalhado dois anos com ele e poder citá-lo como exemplo para meus atletas ", completa Zwetsch.

Talvez falte ao tenista, porém, algo além do que faz em quadra para que a percepção de sua imagem seja mais valorizada. “Se ele tivesse uma aproximação um pouco distinta, talvez o público, mesmo que não o amasse como número um do mundo, talvez o amasse por outras qualidades que ele poderia usar como charme, um pouco de carisma, que é uma coisa que, infelizmente, ele não tem”, afirma o colunista do iG Paulo Cleto. “Mas acho que ele faz a parte dele, que é entrar na quadra. Ele é um cara bem na dele, correto, trabalhador".

Sua dedicação aos treinos tem impacto direto, claro, no que ele apresenta em quadra em termos técnicos, área em que Bellucci também não ficaria devendo, com golpes pesados do fundo da quadra e ótimo saque. Cleto acredita que o brasileiro tem os recursos suficientes para se colocar entre os melhores do mundo. “E o Thomaz sabe que tem potencial para isso”, diz Zwetsch.

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