sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Desbancar Guga não é assunto para Almagro

Espanhol joga Brasil Open em busca do tricampeonato, marca que o colocaria acima de Gustavo Kuerten na lista de campeões do torneio.

Fonte: IG Esporte

Ao aplaudir o espanhol Nicolás Almagro depois de sua vitória sobre o romeno Victor Hanescu, nesta quinta-feira, a plateia brasileira no Ginásio do Ibirapuera mal sabia que, na verdade, estava torcendo contra um de seus grandes ídolos. O cabeça-de-chave número um do Brasil Open busca o tricampeonato. Se conseguir, vai se colocar como o maior campeão da história do torneio. Deixando um certo Gustavo Kuerten para trás.

Mas não tente você falar sobre isso com o tenista. Em entrevista coletiva, quando questionado sobre a possibilidade de superar Guga em conquistas, Almagro, na verdade, nem deixou o jornalista terminar. Quando começou a entender a interpelação em português, pediu que parassem. Não por questão de má educação ou impaciência.

“Não posso nem segurar as toalhas de Guga”, disse o espanhol. “Em números, posso passá-lo em títulos aqui, mas não há como comparar. Estou muito longe de tudo o que ele fez. Ele foi tricampeão de Roland Garros.”

Campeão na Costa do Sauípe em 2008 e 2011, Almagro tem mais nove taças em seu currículo, todas elas no saibro, piso preferido do ex-número um do mundo brasileiro, que venceu na Bahia em 2002 e 2004. Outro ponto que une os dois tenistas é o fato de ambos baterem a esquerda com apenas uma mão, enquanto a grande maioria do circuito prefere um golpe mais seguro com duas. Mas as semelhanças realmente param por aí.

Não só o tricampeonato no Grand Slam francês os diferencia. No total, Guga venceu 358 partidas, com um aproveitamento 64,7% em sua carreira e 20 títulos, 14 deles na terra batida. Almagro soma até agora 240 vitórias e 58,5% de rendimento.

Geografia

Além da reverência a Kuerten, o espanhol mostrou que seus conhecimentos geográficos quanto ao Brasil estão apurados. Ao comentar a postura respeitosa dos espectadores em São Paulo, o espanhol falou até de Belo Horizonte, onde nunca jogou, para dizer que o público de tênis é naturalmente bem informado seja aonde for.

“Quem vem aos jogos sempre conhece bastante do mundo do tênis, e isso vale para toda a parte. O importante é que esse torneio siga crescendo. Cada vez que venho ao Brasil, me sinto bem acolhido”, afirmou.

Ainda assim, Almagro deu a entender que preferia o torneio no litoral baiano, mas não necessariamente pela qualidade dos equipamentos lá ou na capital paulistana. Tem muito mais a ver com o clima. “Eu particularmente gosto de jogar no calor”, confidenciou.

Tal como Juan Carlos Ferrero na véspera, Almagro também ressaltou a dificuldade de adaptação à altitude de mais de 700 metros de São Paulo e uma quadra coberta, depois de ter jogado a Copa Davis em seu país no fim de semana passado. Para os tenistas, o jogo fica mais rápido e requer mais cuidado.

“Ele estava jogando muito bem, fizemos uma partida dura, e, para mim, ficou ainda mais difícil por não ter tido tempo para me adaptar tanto a esta quadra, a altitude, a velocidade da bola. Mas, depois de duas horas de partida, consegui a vitória, o que só traz confiança”, afirmou.

Almagro agora vai confiante em sua campanha pelo tri. Só não falem mais de Gustavo Kuerten, até para a torcida não ouvir.

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