quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Entrevista: Leandrinho fala sobre NBA, locaute e, claro, seleção brasileira

Fonte: Blog Bola na Cesta

Não imaginei que seria fácil entrevistar Leandrinho (de verdade). Acho o cara bem simpático, educadíssimo, mas como ainda não tinha falado com ele depois de todo o imbróglio envolvendo a sua dispensa da seleção, precisava voltar ao tema (e foi o que fiz na segunda-feira, na Gávea). Mas é óbvio que não ficamos só nisso. Confira o papo com o agora ala do Flamengo, cuja estreia será mesmo no dia 9 de outubro, fora de casa, contra o Brasília.

BALA NA CESTA: Já está treinando normalmente com o grupo do Flamengo?


 LEANDRINHO: Estou bem, esperando apenas o dia da estreia. Estou participando normalmente dos treinamentos, e estou bem feliz de poder bater bola normalmente. Fiquei quatro, cinco meses parado e já estava agoniado em casa. Nunca fiquei tanto tempo sem encostar na bola. Geralmente quando eu chego no Brasil eu sempre bato uma bolinha e desta vez eu não pude devido ao problema no pulso.


BNC: Como está sendo treinar com o Gonzalo Garcia? É bem diferente de treinar com outro argentino que você conheceu ano passado, o Rubén Magnano? Você consegue comparar os treinamentos da NBA e do Brasil?


 LB: Não, não é diferente, não. É a mesma cabeça, o mesmo espírito e a mesma cobrança nos treinamentos, que são muito bons, muito fortes mesmo. Em relação a comparação, talvez o que exista mais nos Estados Unidos seja a intensidade. Meu time lá, o Toronto, é muito novo, e recheado de jogadores atléticos. Mas aqui não fica muito atrás, não.


BNC: E em relação ao locaute? Como você tem obtido as informações e o que vocês, jogadores, têm conversado sobre o tema?


 LB: Fico sabendo de tudo pelo Raja Bell, que foi meu companheiro do time e está mais envolvido com todas essas questões. Pelo que ele me conta, uma das coisas que atrapalha mesmo é o fato de os dirigentes quererem reduzir a mid-level (nota do editor: uma das faixas salariais). Chega a ser engraçado que um dos atletas que estão negociando, o Derek Fisher, do Lakers, está justamente nesta faixa, assim como eu. Os jogos da pré-temporada já foram cancelados, e acho que até dezembro é muito difícil de as coisas se resolverem. Se passar do dia 7 de janeiro de 2012, arrisca até não ter temporada.


BNC: Agora um assunto inevitável: seleção brasileira. Muita gente acabou falando sobre o tema, e queria ouvir de você, ao vivo pela primeira vez.


LB: A minha cabeça continua sempre como foi em relação ao Brasil. Sempre quis e continuo querendo defender a camisa da seleção brasileira, mas desta vez infelizmente não deu. Aconteceu. Respeito a opinião de todo mundo, mas queria estar, sim, com o time e infelizmente não pude. Recebi ordens de lá (NBA) e não pude ir.


BNC: Pois é, Leandrinho, mas aí é que não entendo. Como assim “ordens” da NBA? A liga não pode impedir jogador algum de atuar pela seleção. E, além do mais, ninguém da NBA pode falar com você durante o locaute. Tanto é assim que alguns jogadores que têm resistência das franquias para jogar (Manu Ginóbili é o maior exemplo) atuaram nos Pré-Olímpicos sem maiores problemas.


 LB: Mas eles podem rescindir meu contrato. Aí eu jogo com a seleção e não volto mais, é isso?


BNC: Leandrinho, mas seu contrato acabou de ser renovado pela equipe.


 LB: Não interessa. Eles podem rescindir o contrato. O dono do time pode fazer o que ele quiser. Se eu não chegar lá em boas condições ele pode me mandar embora.


BNC: Você acha que falhou em termos de comunicação em algum momento?


 LB: Meu querido (neste momento, Leandrinho coloca a mão em meus ombros), eu não vou ficar repetindo aqui as coisas que já falei na mídia. Não vou ficar aqui batendo papo com você sobre isso. Não falhei em termos de comunicação com o público. Todos sabiam da minha situação. O time já tinha falado com Magnano. É simples.


BNC: Sim, estou te entrevistando pela primeira vez, não estou batendo papo. Tenho que te perguntar isso.


 LB: (Leandrinho olha)


BNC: Você tem falado com o Nenê? Ele também quer jogar?


 LB: Sim, quer sim. Nós dois queremos. Visto a camisa, ele também veste. Sempre quisemos jogar pela seleção brasileira. Algo mais?


BNC: Vocês esperavam isso tudo? E como fica a relação com os donos de franquias quando acabar isso?

 LB: A gente não esperava, mas acho que os dirigentes tampouco esperavam o que está acontecendo. Quanto mais demora para começar a temporada, mais dinheiro eles também vão perdendo. Não é uma situação fácil, não. Sobre a relação com os donos, de verdade eu acho que eles e nós saberemos separar as coisas. É o que espero.

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