sábado, 30 de junho de 2012

Joel diz que não teme demissão: ‘Se enumerar os títulos, vai faltar folha'

Técnico diz que voltou ao Flamengo a pedido de Patricia Amorim, por causa das passagens anteriores: 'Era para eu ter um busto'.

Fonte: Globo Esporte

Havia a dúvida se Joel Santana falaria ou não com a imprensa nesta sexta-feira. É o dia da semana em que o técnico costuma conceder entrevista coletiva, mas o fato de estar fortemente ameaçado no cargo gerou um ponto de interrogação. Joel falou. Logo depois do treino da manhã, passou rapidamente pela sala dele e caminhou ao encontro dos jornalistas. Com passadas rápidas, ignorou as dores no quadril, sentou diante dos repórteres e respondeu a uma série de perguntas sobre a permanência – ou não – no cargo. O treinador do Flamengo disse que não teme a demissão.

- Eu não posso nesses anos todos de vida me preocupar com qualquer boato ou com qualquer coisa de noticiário. Comigo, como sempre foi, trabalho na verdade, olho no olho. As pessoas eu olho de frente. Eu sou campeão da vida, de caráter, de trabalho. Tudo que consegui não foi fazendo média. Eu rodei muito, viajei muito. Não posso dormir mal com cada noticiário. Eu estou bem, estou com saúde. Estão me analisando por uma ou duas partidas. As notícias acontecem aqui, ali. Amigos que tenho que me batem nas costas e no outro dia está outra coisa. Não vou me importar com isso. Tenho que me importar com o meu trabalho, tenho que honrar aquilo que fiz - desabafou Joel.

Durante a entrevista, o técnico se mostrou tranquilo em meio à pressão que envolve seu nome nos últimos dias. Mas deu respostas firmes e exaltou as conquistas que obteve ao longo da carreira:

- Tenho que ser analisado por tudo que fiz nesse clube. Eu fiz coisas... Era para eu ter um busto. Eu tenho currículo, nada mais me interessa. Eu vendo notícia. Eu vendo porque sou Joel Santana. Oito vezes campeão estadual, campeão da Mercosul, Brasileiro, de tudo. Eu sou estrela, estrela é assim. Tenho que saber conviver com isso. O noticiário aconteceu pela grandeza do Flamengo e do Joel Santana. Tenho 30 anos de carreira. Se enumerar os clubes que passei, vai faltar folha. Se enumerar os títulos, vai faltar folha. Eu tenho minha vida, meu castelo não é de areia, é pronto e bonito. Eu sei o quanto eu peso. Vai incomodar se quiserem denegrir minha imagem. Isso me incomoda.

Joel afirmou que o fato de o diretor de futebol Zinho não ter garantido a permanência dele no cargo não o deixou frustrado.

- Eu tenho contrato até o fim do ano, não penso em nada. O diretor veio aqui e disse que não garantia o meu trabalho e nem o dele. Para mim está tudo certo. Minha função é trabalhar. Tenho que tomar conta da minha casa e não da casa do vizinho. O cara que estiver insatisfeito chega aqui, eu tiro meu boné e vou embora. Eu vim para o Flamengo, estava empregado e bem empregado (no Bahia). Foi um pedido da pessoa maior do clube (a presidente Patricia Amorim). Se alguma coisa acontecer, a pessoa fala para ele (Zinho) e ele vem falar comigo. Vim porque deixei trabalhos feitos aqui dentro. Por isso que voltei.

Jorge Sampaoli é o mais cotado para ser o sucessor de Joel Santana no Flamengo, mas não o único. Enquanto o atual treinador do Universidad de Chile é um desejo da maior parte da cúpula do futebol e foi procurado pelo clube na última quarta-feira, o diretor de futebol Zinho mantém Dunga na disputa. O voto do dirigente é pelo ex-técnico da Seleção, companheiro na conquista da Copa do Mundo de 1994 e amigo dele.


 - O clube procura quem quiser – afirmou Joel.

O jogo contra o Atlético-GO, domingo, no Engenhão, pela sétima rodada do Brasileirão, pode ser o último de Joel, cuja multa rescisória é de aproximadamente R$ 1,4 milhão. Em processo de fritura no clube e contestado pela cúpula do futebol, o treinador disse que não pensa em pedir para sair.

- Uma vez fiz isso num clube e vi como errei (no Botafogo). Quando eu estava bem, tranquilo, foram criando algumas situações e achei que tinha de sair direito. Sempre deixo a porta encostada. Vi que não tinha que ter saído. Encontrei várias vezes um jogador com quem diziam que eu tinha problemas, conversamos, não tem nada e acham que sou brigado com ele. Para que vou pedir demissão se estou em um dos maiores clubes desse país? - completou.

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