Temporada é marcada por conquistas e por caso de doping do campeão olímpico e outros três brasileiros. Lochte e Phelps são destaques na China.
Fonte: Globo Esporte
Lágrimas, sorrisos, conquistas, decepções, julgamentos. O que não faltou no mundo aquático em 2011 foi emoção. Em ano de Mundial e Jogos Pan-Americanos, houve chuva de medalhas. Cesar Cielo tornou-se bicampeão mundial nos 50m livre e garantiu mais um ouro nos 50m borboleta, na China, enquanto Thiago Pereira se consagrou o Mister Pan, no México. Entre os estrangeiros, mais uma vez os americanos Ryan Lotche e Michael Phelps dominaram. Mas nem só por momentos felizes a temporada foi marcada. Um resultado positivo em exame antidoping do nadador mais veloz do planeta abalou a modalidade internacionalmente.
Em junho, uma notícia surpreendeu a natação mundial, principalmente, a brasileira. Cesar Cielo foi flagrado em um exame antidoping ao lado de outros três atletas do país (Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinícius Waked). Os quatro, que testaram positivo para a substância proibida furosemida, afirmaram inocência e alegaram contaminação de cápsulas de um suplemento em uma farmácia de manipulação. Após o susto, o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) manteve apenas a advertência sugerida pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Ryan Lochte conquistou cinco medalhas de ouro no Mundial de Xangai (Foto: Getty Images) |
Cielo superou a fase difícil e conquistou o bicampeonato dos 50m livre e o ouro nos 50m borboleta no Mundial de Xangai, em julho. Felipe França também subiu no lugar mais alto do pódio nos 50m peito. Os americanos Ryan Lochte e Michael Phelps mais uma vez foram os destaques da competição com cinco e quatro ouros, respectivamente. Em outubro, nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, o Brasil manteve o seu domínio nas piscinas. Thiago Pereira, que venceu seis provas, assumiu o posto de Mister Pan brasileiro.
Thiago Pereira chegou a Guadalajara com uma maratona de oito provas no calendário e o sonho de se tornar o brasileiro mais vencedor na história dos Pans. No caminho dele estava Hugo Hoyama, do tênis de mesa, que chegou a dez ouros no México. Thiago, no entanto, ignorou as possíveis complicações devido à altitude e subiu no lugar mais alto do pódio seis vezes. Com isso, somou 12 medalhas douradas de Pans e atingiu o objetivo de se tornar o maior campeão brasileiro.
Foram quase seis horas dentro de uma universidade em Sheshan, a cerca de uma hora - de carro - do centro de Xangai, na China, no dia 20 de julho. Lá, estava em jogo o futuro de Cielo e de outros três nadadores brasileiros - Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinícius Waked - flagrados por doping. De terno e gravata, o campeão olímpico e mundial entrou e saiu do local sorrindo. Depois de quase dois dias de aflição, o alívio: o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) optou em manter apenas a advertência sugerida pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos pelo uso da substância furosemida.
A final dos 100m livre do Troféu Maria Lenk, no dia 7 de maio, seria apenas mais uma prova “normal” se Bruno Fratus não resolvesse contrariar a lógica. Ousado e destemido, o atleta do Pinheiros nem quis saber se o campeão mundial da prova Cesar Cielo estava na raia do lado e venceu a disputa. De quebra, o tempo de 48s72 ainda lhe garantiu uma vaga para o Mundial de Xangai (48s74 era o tempo necessário para a classificação).
Ian Thorpe retornou às competições em
novembro, na Copa do Mundo (Foto: Getty Images)
novembro, na Copa do Mundo (Foto: Getty Images)
A temporada 2011 já começou agitada com o anúncio do retorno de Ian Thorpe às competições. Dono de cinco ouros olímpicos, o Torpedo voltou a treinar pesado sonhando com os Jogos Olímpicos de Londres-2012. O australiano, porém, deixou a desejar em sua reestreia, em novembro, deixando claro que ainda está distante da forma física de quando se afastou das piscinas, há cinco anos. Entre as três etapas asiáticas da Copa do Mundo que disputou, um sétimo lugar nos 100m borboleta foi o seu melhor resultado.
“Ninguém faz ideia do que passei. Ninguém tem noção da magnitude que foi isso aqui. Foi um desafio mais difícil que a final olímpica, mais difícil que qualquer coisa que passei na minha vida. Mais uma vez, consegui sair vitorioso. Mesmo com uma adversidade dessas, consegui passar por cima e tirar essas duas medalhas de ouro. Posso dizer que, com 24 anos, já passei por tudo que o esporte pode oferecer, já passei por todos os tipos de pressão, e isso só me dá mais confiança para continuar nadando”, disse Cesar Cielo, após encerrar sua participação no Mundial de Xangai, com duas medalhas de ouro (50m livre e 50m borboleta).
O nadador Daniel Dias foi o grande nome dos Jogos Parapan-Americanos. Em Guadalajara, o brasileiro teve 100% de aproveitamento, vencendo as 11 provas que disputou. O Brasil, aliás, foi o líder da natação em Guadalajara. Das 85 medalhas conquistadas na piscina mexicana, 33 foram de ouro, 23 de prata e 29 de bronze. Assim como em 2007, o país se consagrou campeão na classificação geral da competição. Com 81 ouros, 61 pratas e 55 bronzes, dominou com tranquilidade o quadro de medalhas.
Depois de surpreender ao se classificar com o melhor tempo das eliminatórias dos 50m livre, Graciele Herrmann garantiu a medalha de prata para o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. Com o tempo de 25s23, a gaúcha de apenas 19 anos subiu ao pódio da competição no México e ficou a apenas três centésimos do índice para os Jogos de Londres-2012. A marca era questão de tempo. Pouco tempo, aliás. Em dezembro, no Campeonato Brasileiro, a jovem nadadora se classificou com folga para as Olímpiadas, ao garantir o ouro em 25s12. Em uma época onde a natação feminina conta com poucos nomes, Graciele aponta como uma grande esperança para a renovação.
Meninas registram o mico (Foto: Divulgação)
Durante os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, além de medalhas, os atletas podiam ganhar um braço, um beijo ou uma foto das meninas do nado sincronizado do Brasil. Calouras na competição, Lorena Molinos, Joseane Martinse, Maria Bruno, Jessica Noutel e Maria Eduarda tiveram de pagar uma prenda escolhida pelas veteranas. Apesar da vergonha na hora de executar o prometido, as novatas até que se divertiram com o mico. Tanto, que deixaram até registrar o momento.
Esta foi uma das imagens mais marcantes da temporada. Logo após a final dos 50m borboleta do Mundial de Xangai, o queniano Jason Dunford fez sinal de negativo enquanto Cesar Cielo chorava com a conquista do ouro. A atitude do atleta em desaprovação ao resultado do julgamento do brasileiro ganhou reforço com reclamações de outros nadadores estrangeiros, como o sul-africano Roland Schoeman (Foto: agência AFP)
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