terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Por Valdivia, Palmeiras faz 'crediário' e pagará 157% em juros até 2015

Em acordo com Banif, clube vai pagar em 48 parcelas a carta de crédito obtida para contratar o chileno. Valor total pode chegar a R$ 36 milhões.

Fonte: Globo Esporte

Mesmo jogando pouco e contestado por parte da torcida e diretoria, Valdivia vai custar caro aos cofres do Palmeiras. Bem caro. O investimento, que era de R$ 14 milhões, deve acabar na casa dos R$ 36 milhões, por conta de juros e correção - 157% a mais do que o valor original.

Valdivia foi contratado em agosto de 2010 do Al-Ain, dos Emirados Árabes. Como o Verdão não tinha recursos próprios, recorreu a uma carta de crédito de € 6,2 milhões (R$ 14 milhões na época) do Banco Banif. Foi a saída encontrada pela direção anterior, comandada por Luiz Gonzaga Belluzzo, para bancar o retorno do então queridinho da torcida.

Belluzzo saiu, um novo grupo assumiu, e a dívida foi sendo postergada. O novo presidente, Arnaldo Tirone, também não conseguiu juntar recursos para pagar a dívida, que vencia em agosto. O Banif concordou em postergar a cobrança por mais alguns meses. Mas o prazo acabou. E um novo acordo teve de ser costurado.

O clube parcelou a dívida que tem com o Banif em 48 pagamentos, de valores não confirmados oficialmente, mas que chegam a aproximadamente R$ 750 mil cada. No fim, o Palmeiras vai pagar mais do que o dobro do valor inicial: cerca de R$ 36 milhões.

Com o parcelamento, a dívida só termina de ser paga entre o fim de 2015 e o início de 2016 – o vínculo do Mago com o Verdão vence antes, em agosto de 2015. Ou seja: Valdivia terá 32 anos quando o Palmeiras terminar de pagar a dívida pela sua contratação. No valor final estão incluídos todos os encargos burocráticos da transação, que não tinham relação com o Banif, mas foram atrelados ao mesmo pagamento depois de um acordo.

Em agosto deste ano, o total da dívida chegava a R$ 20 milhões. Os juros embutidos pelo banco farão o número aumentar muito. O vice-presidente financeiro Walter Munhoz sabe disso, mas confessa que não houve alternativa melhor para selar um acordo com o Banif.


- Demos uma parceladinha na dívida sim, só assim poderemos pagar tudo. Não posso revelar valores porque há uma cláusula de confidencialidade. Mas como há juros, é natural que esse número seja um pouco maior do que o inicial - admitiu o dirigente.

Durante a temporada, o presidente Arnaldo Tirone cogitou negociar Valdivia para honrar a dívida provocada pela chegada do mesmo jogador. Recebeu apenas uma proposta do Al-Sadd, do Qatar, mas recusou. Agora, a postura da diretoria é outra: dar todo o suporte ao Mago para que ele volte a brilhar e consiga uma sequência de jogos. O Palmeiras entende que ainda tem chances mínimas de recuperar o investimento.

O presidente Arnaldo Tirone foi procurado para falar sobre o assunto, mas não respondeu às chamadas. O vice-presidente Roberto Frizzo admite que o Palmeiras vai pagar mais pelo Mago, mas acredita que o jogador pode responder com boas atuações.

- Ele é um jogador importante. O pagamento é assunto do departamento financeiro, mas nós acreditamos que ele pode render muito mais. 2012 pode ser o ano dele, sem lesões, que é o mais importante - disse Frizzo.

Até agora, Valdivia não justificou o enorme esforço feito para a sua chegada. Nesta temporada, o Mago disputou apenas 28 das 69 partidas do Palmeiras (40,5% do total), e fez quatro gols.

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