quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Dirigente brasileiro se ofereceu para ficar no lugar dos reféns

Presidente do COB na época, Sylvio de Magalhães Padilha e membros do COI tentaram ser trocados pelos israelenses, mas os terroristas não concordaram.

Fonte: iG Esporte

A tragédia que marcou os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, mobilizou não apenas autoridades policias e políticos da Alemanha e Israel, que tentavam negociar a libertação dos 11 reféns israelenses com os terroristas do “Setembro Negro”. Integrantes da comissão executiva do COI (Comitê Olímpico Internacional) se ofereceram para ocupar o lugar dos reféns, mas os palestinos recusaram. E entre os dirigentes estava um brasileiro: Sylvio de Magalhães Padilha, então presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

“No dia do atentado, quando cheguei ao hotel do COI com meus pais, pela manhã, meu avô já estava em reunião com a comissão executiva. Assim passou o dia inteiro, sem que pudéssemos ter acesso a ele. Ao longo dos anos, falando ele sobre o assunto, soube que os membros da comissão executiva tinham se oferecido aos terroristas em troca da liberdade dos atletas israelenses”, disse Alberto Murray, neto de Padilha e que estava em Munique na época.

“O COI e o governo alemão ligaram para vários chefes de estado, indagando se aceitariam receber o avião com os terroristas. A primeira a ser contatada foi a Primeira Ministra de Israel, Golda Meir, que rechaçou qualquer tipo de negociação com os terroristas. Nenhum país aceitou recebê-los. Então, realmente não haveria alternativa senão combatê-los, o que poderia ocorrer desde a saída dos alojamentos até o embarque no avião. Nunca cogitou-se que aquele avião iria decolar com os reféns”, lembrou Murray.

A possibilidade de cancelamento dos Jogos de Munique após a morte dos reféns israelenses chegou a ser levantada, mas a verdade é que os dirigentes do COI jamais pensaram em levar isso adiante. “A questão da interrupção foi muito debatida, mas o COI nunca aceitou a ideia da suspensão das Olimpíadas. E o governo alemão foi na mesma linha”, disse o neto de Padilha.

“Meu avô não era a favor da interrupção. E essa decisão não teve nada de dinheiro, pressão de patrocinador ou coisa parecida. Ele achava que a melhor resposta que o Movimento Olímpico poderia dar a atos terroristas era mostrar que aquilo não interromperia os Jogos. A interrupção dos Jogos poderia estimular outros atos políticos em outros momentos”, afirmou.

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